Fonte: G1
Mensagem diz que a água leva vírus para o estômago, e, com isso, a pessoa não adoece. Não é verdade.
O texto diz que os meios de comunicação estão omitindo a informação de que “para não contrair o vírus é preciso beber água de 15 em 15 minutos”. “Não precisa ser um copo cheio, mas apenas alguns goles, para manter a garganta úmida. Leve uma garrafa de água pra onde for. Por quê? Porque ao molhar a garganta, se o vírus estiver ali, ele vai direto para o estômago, e não há bactéria ou vírus que resista ao suco gástrico”, afirma a mensagem falsa. “Se a garganta estiver seca, o vírus vai para o esôfago e, dali, para os pulmões, onde ocorre a dificuldade em respirar. E é o que tem levado várias pessoas a óbito.”
O infectologista Luis Fernando Waib, especialista em infectologia hospitalar, refuta completamente a informação: “Os vírus respiratórios não ficam exclusivamente na garganta ou no estômago. Uma infecção como essa produz bilhões de vírus; uma pequena parte será engolida pelo doente e passará pelo estômago, e o restante da infecção continuará seu curso. Beber água vai manter o paciente hidratado, mas não mudará a infecção”, explica o médico, integrante da Sociedade Brasileira de Infectologia. Ele lembra que a recomendação médica é que as pessoas se hidratem sempre, mas que isso não tem relação com o coronavírus.
A pneumologista Patricia Canto Ribeiro, da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz, reforça a orientação da ingestão regular de água: “Faz bem para a pele, intestino, rins, e manutenção da vida”. Mas ela ressalva que a hidratação não protege contra o coronavírus.
“O papel da água na luta contra a Covid-19 é, sim, na higiene! Lavar, lavar e lavar de novo as mãos é o que pode prevenir a doença. Não existe contaminação ‘pelo estômago’. A contaminação é pelas mucosas: olhos, nariz e boca”, esclarece.
Paulo Santos, médico infectologista, também reforça a importância da higiene para se evitar a entrada do vírus pelas mucosas. Beber água, diz, de nada vai adiantar para se proteger do novo vírus. “Essa é uma informação incorreta e totalmente desprovida de suporte científico. Puro ‘fake’. A contaminação ocorre pelo contato do vírus com as mucosas nasal, ocular e oral, e, no momento em que esse contato ocorre, não há nada que impeça a infecção. A contagiosidade é muito alta. O que temos que fazer é evitar que o vírus chegue lá. Como? Higienizando com frequência as mãos e evitando tocar nos olhos, nariz e boca”, diz.
Sobre a possível presença do vírus no estômago, ele explica: “O suco gástrico é, de fato, uma barreira contra germes, mas a transmissão do Sars-CoV-2 se dá pelas vias aéreas, não tendo o estômago nenhum papel protetor nisso. E, apesar se ser uma barreira, a acidez estomacal não é 100% eficiente, haja visto que adquirimos pela via oral, através de água e alimentos contaminados, doenças como as parasitoses intestinais, hepatite A, gastroenterites, entre outras.”
“Não há comprovação científica que sustente essas informações sobre ingestão de água. Vale aquelas das quais já temos conhecimento: lavar as mãos e manter distância das pessoas. Infelizmente, não temos nova orientação nesse sentido”, afirma Rodolfo Fred Behrsin, pneumologista e professor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle.
Essa informação falsa constava de outras mensagens já checadas pela equipe do Fato ou Fake, como uma atribuída ao hospital de Stanford e outra que dizia que prender a respiração por 10 segundos indicava fibrose nos pulmões causada pelo novo coronavírus.