Fonte: Folha de S. Paulo
“Assistente, testemunha e protagonista da história do Brasil”, como se autodefine, o ex-presidente José Sarney completa 90 anos nesta sexta-feira (24).
“Estou cumprindo rigorosamente as leis do isolamento” é seu primeiro recado ao iniciar a entrevista à Folha, por telefone, de Brasília, onde se refugiou durante a crise do coronavírus.
Recolhido do debate público, mas ainda atuante nos bastidores, Sarney não vê risco para o que considera a grande obra de sua vida política, a redemocratização.
Ele chama os pedidos por um novo AI-5 de “saudosismo inalcançável”. “O Brasil hoje tem uma democracia consolidada”, afirma.
Sobre os reiterados flertes do presidente Jair Bolsonaro com grupos que defendem intervenção militar, diz serem episódios sem maior importância. “São condutas políticas eventuais.”
Com relação ao outro grande legado de seu mandato (1985-1990), a Constituição, Sarney tem uma avaliação mais nuançada. Diz que a Carta foi um marco na garantia de direitos sociais, mas tornou o país ingovernável, por misturar as atribuições do Executivo e do Legislativo.
Parlamentarista, o ex-presidente, que também chefiou o Congresso Nacional, lamenta as rusgas entre Bolsonaro e líderes do Legislativo. Para ele, são prova de subdesenvolvimento político.
Escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, o ex-presidente diz que trabalha num livro de análise política com o título de “O Brasil no seu Labirinto”. “Nós estamos num labirinto sem saber que saída vamos encontrar”, afirma.
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