Circulam pelo WhatsApp mensagens que dizem que o ato de bochechar ou gargarejar enxaguante bucal protege a pessoa do novo coronavírus, e ainda evita a transmissão, no caso de quem já está infectado. É #FAKE.
O fato de parte desses produtos conter álcool na fórmula pode gerar essa confusão. O infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, alerta: “Às vezes o que as pessoas pensam é que gargarejo pode prevenir infecção e a transmissão por conta da presença do álcool. Só que em quem já está doente, o vírus fica dentro da célula, se multiplica, invade outras células”, explica.
“Tem quem ache também que beber bebida alcóolica adianta, mas não serve para nada. O contato com o álcool não traz qualquer tratamento. E para quem não está doente, passar produto alcoólico na boca ou beber também não previne em nada a infecção”, reforça.
Professor da cadeira de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de medicina da UFRJ e médico do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, Rafael Galliez endossa: este tipo de produto, que pode prevenir cáries, infecções bacterianas e gengitives, de nada serve contra o novo coronavírus.
“Enxaguante bucal não possui eficácia para reduzir o risco de adquirir a infecção, tampouco de evitar a transmissão, uma vez que a pessoa esteja infectada”, esclarece. “As células que o vírus infectam estão nas vias aéreas inferiores e superiores. Os enxaguantes não possuem qualquer ação contra o vírus nas regiões onde ele está mais intensamente sendo liberado pelas células infectadas”, diz o médico.
Apesar disso, não convém se descuidar dos cuidados com os dentes e a boca, lembra a pneumologista Patricia Canto Ribeiro. “Não há estudos científicos sobre a eficácia de enxaguatório bucal contra o coronavírus. Ele é um elemento que complementa a higiene bucal, mas não substitui a escovação”, alerta a médica, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.
Segundo a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde vêm reiterando, não existem, até o momento, substâncias eficazes contra o novo vírus que possam ser usadas em casa pela população para se prevenir ou se tratar.