Será que o partido busca mesmo uma renovação ou será apenas o mesmo de sempre com um embrulho mais jovem e midiático? Baleia Rossi, novo presidente da legenda, promete estreitar relações com as bases para se reinventar. A medida cairia muito bem a vários partidos, sobretudo aos frangalhos da esquerda, que ainda patinam em personagens fadados ao fracasso.
O MDB virou a chave. O partido, que já foi o maior do Brasil e esteve presente em praticamente todos os governos desde a redemocratização, percebeu que errou. Agora, busca reaproximação com o eleitorado e também quer se renovar.
O primeiro passo é colocar um jovem como presidente da sigla – e que está nos holofotes da mídia. Trata-se de Baleia Rossi, deputado federal paulista de 47 anos.
Ele é ‘o cabeça’ de um dos projetos da reforma tributária que tramita na Câmara Federal.
O líder do MDB na Câmara foi conduzido à Presidência Nacional da legenda nos braços dos medalhões e apoiado pelas alas jovens.
No domingo, durante o anúncio de seu novo cargo, não perdeu tempo e lançou o novo manifesto do partido.
O documento defende a renovação democrática e a recuperação econômica do país. O título do manifesto é “Renovação democrática é emprego e oportunidades”.
Baleia Rossi disse que quer até propor uma parceria com Paulo Guedes, ministro da Economia, para criar um plano emergencial de geração de empregos.
“A agenda econômica está caminhando, mas precisamos de um plano emergencial de geração de empregos. Quero propor ao ministro Paulo Guedes [da Economia] que faça uma parceria, via Governo Federal, com os 5.570 municípios do Brasil para criar um mutirão do emprego com frentes de trabalho para criar um milhão de empregos imediatamente”, pontuou.”
Isso é o que o PT não soube fazer ainda: se reinventar. Enquanto ficam patinando atrás da figura de Lula – aquele que queriam livre, mas que ele próprio não quer – o MDB traz uma figura ‘nova’ e busca aproximação com o Centrão.
Até mesmo o presidente da Câmara, o democrata Rodrigo Maia, esteve na festa emedebista.
A ideia é clara: mostrar que há unidade partidária após a pancada que grandes caciques sofreram nas eleições, como os ex-senadores Romero Jucá e Eunício Oliveira, bem como aqueles que a Lava Jato derrubou, como o próprio ex-presidente Michel Temer, o ex-governador carioca Sergio Cabral e o ex-deputado e presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
É ação frente ao encolhimento sofrido nos últimos anos: na ânsia em pensar em cargos, caiu de 66 deputados federais em 2014 para 34 em 2018. A campanha de Henrique Meirelles à Presidência foi risível.
“Nós temos desafios pela frente. Precisamos nos reinventar, encarar nossos erros, e como diz nossa convenção, fazer diferente. Temos uma história maravilhosa e de luta pela democracia em todos os momentos importantes dos últimos 50 anos o MDB esteve presente”.
Há uma ala do PSDB, DEM, MDB e PSD que articula um isolamento ao PSL. Some a isso a possibilidade de o MDB apoiar a pretensa reeleição de Bruno Covas em São Paulo no ano que vem e a não-impossível dobradinha Doria-Maia para a Presidência em 2022.
O PT, por exemplo, não soube ter voz nas proposições e na alavanca a novos nomes.
Baleia, mesmo sendo filho de um figurão político do calibre de Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura de Lula e Dilma, vem assumindo um importante protagonismo no Congresso.
Maia disse que o que Baleia está fazendo pelo partido, nem Temer havia conseguido.
O próximo passo, segundo o novo presidente, é perguntar aos militantes da legenda quais são as bandeiras que devem levantar. Buscar o resultado do esforço coletivo.
“E fazer diferente é não cobrar decisões na cúpula. É fazer respeitar nossa militância. Vejo a juventude presente, as mulheres, o movimento afro, o movimento trabalhista, o ambiental”, enumerou Baleia mostrando desejo de criar fóruns de debates dos assuntos nacionais por setores.”
Enquanto isso, a esquerda… bem… essa segue sendo a esquerda quase cega, que não consegue ver além do umbigo.